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Indígenas da TI Mãe Maria fecham rodovia e ameaçam pôr fogo em linhão da Eletronorte 672s6g

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O clima é tenso nos trechos de entrada e saída da Terra Indígena Mãe Maria, cortada pela BR-222, a 20 km de Marabá. Indígenas de oito etnias fecharam a rodovia desde as 8 horas da manhã desta segunda-feira, 31 de outubro, e ainda ameaçam colocar fogo em torres de transmissão do linhão da Eletronorte que vem da Hidrelétrica de Tucuruí e que abastece dezenas de cidades dos estados do Maranhão e Tocantins, por exemplo.

Cerca de 100 indígenas retiveram dois caminhões da Suzano Celulose e colocaram parte da madeira de eucalipto embaixo de duas torres de transmissão de energia e mantêm consigo gasolina para colocar fogo, caso ninguém da Eletronorte apareça para negociar com eles.

Os índios moradores da reserva Indígena Mãe Maria cobram o cumprimento de um acordo negociado com a Eletronorte há cerca de cinco anos.

A cacique Kátia Cilene Akrankategê, do povo Akrankategê, disse que atualmente há oito novas aldeias dentro da TI Mãe Maria que não têm energia elétrica e tanto a Eletronorte como a Celpa, que am sistemas de iluminação por dentro da TI Mãe Maria, não se sensibilizam com a realidade dessas comunidades.

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“A gente quer que a Eletronorte venha até nós para resolver, de fato, esse dilema. Já participamos de reuniões junto com a Funai, a Eletronorte nos prometeu muitas coisas, mas não está cumprindo. A nossa luta dura mais de cinco anos. Queremos que a Celpa se manifeste também, porque nossa terra foi toda fragmentada. Aqui dentro a estrada do DNIT, linha da Eletronorte e linha da Celpa. Nossa energia é defasada”, desabafou ela.

Kátia Cilene explicou que todos os anos ocorrem queimadas embaixo do linhão da Eletronorte e muitos dos focos acabam saindo do controle e atingem a mata, causando diversos danos ao povo indígena, porque destroem árvores e matam animais.

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A cacique também fez questão de frisar que, caso a Eletronorte não enviasse representante para negociação até as 17 horas desta segunda-feira, eles iriam colocar fogo em uma torre de transmissão, o que poderá deixar muitas cidades no escuro.

“É preciso renovar o programa de luz para os povos indígenas. A Eletronorte quer nos enquadrar no Luz para Todos, o que não atende nossa demanda, porque temos projetos de irrigação para agricultura que estão parados por causa da falta de energia. Há dez aldeias sem poço com água potável porque a energia que chega não a a demanda”, lamenta.

A Polícia Rodoviária Federal acompanha a movimentação, já conversou com os indígenas e busca a manutenção da ordem. Nenhum confronto entre manifestantes e motoristas foi registrado até as 15 horas desta segunda-feira, quando a Reportagem do blog saiu do local, embora o congestionamento de veículos tenha chegado a atingir um quilômetro, no momento de tráfego mais intenso e tenha irritado os condutores que aguardavam a liberação da pista. De tempos em tempos, os índios liberam o fluxo em um dos sentidos por cerca de meia-hora e voltam a bloquear a pista.

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Segundo o diretor de Cultura e de Comunicação da Prefeitura de Bom Jesus do Tocantins, onde está localizada a TI Mãe Maria, Robson Louzada, esta não é a primeira manifestação dos moradores da Reserva Mãe Maria. “As aldeias iniciais vêm dando origem a novos núcleos. E como há, de fato, um acordo que prevê que, em contrapartida à instalação das torres no interior da reserva, a Eletronorte deve garantir a instalação de postos de saúde e de rede de energia nas aldeias, os índios desses novos núcleos am a reivindicar os mesmos benefícios”.

O coordenador substituto da Regional Baixo Tocantins da Fundação Nacional do Índio (Funai), Eric de Belém Oliveira, confirmou que o grupo de manifestantes reúne representantes de seis das 12 aldeias já estabelecidas na Reserva Mãe Maria – há outras duas em processo de organização.

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Segundo Eric, já há algum tempo os índios vêm cobrando a eletrificação das novas aldeias, participando de reuniões acompanhadas pela Funai e pelo Ministério Público. “Mas eles estão achando que o processo está muito moroso e exigem celeridade”, disse Oliveira, revelando que a fundação está em contato com representantes da Eletronorte a fim de mediar uma solução pacífica que ponha fim ao bloqueio da rodovia e atenda da melhor forma possível as necessidades indígenas.

A gerente de relações institucionais do escritório local da empresa, Cristiana Magno Charone, não comentou as reivindicações do grupo, mas confirmou que a Polícia Militar foi acionada para garantir a integridade das instalações elétricas, mas não havia PM no local durante o tempo em que a Reportagem esteve no local. A empresa ficou de divulgar uma nota sobre o assunto ainda hoje.

 

Fonte: zedudu.com.br